Yabusame (流鏑馬) 流 (ryu/ya) – Técnica ou escola; 鏑 (kabura/bu) ponta de flecha; 馬 (uma/same) cavalo.
Técnica de arqueria sobre cavalo.
Antes da espada de se tornar a arma típica dos Samurai (侍), o arco e era considerado o símbolo da classe guerreira do Japão antigo e seu uso foi fortemente incentivado no período Kamakura (鎌倉時代), mais precisamente pelo Shogun Minamoto Yorimoto (源 頼朝), também considerado aquele que fundou o shogunato (馬腹 bafuku) disciplinou o que seria a classe Samurai pelos próximos 700 anos.
Em seu mandato, Morimoto era rígido com a disciplina da classe guerreira e um dos primeiros princípios a serem incentivados foi o uso preciso do arco e flecha.
A arma já precedia desde a era pré-histórica do Japão, conhecida como era Joumon e o arco até hoje utilizado (assimétrico, longo, composto e com a pegada abaixo do centro) foi criado no período Yayoi (弥生時代 entre 300 ac e 300 dc) e era considerado símbolo de poder e autoridade, tanto que o primeiro imperador do Japão, o lendário Jimmu (神武天皇) é sempre retratado carregando um.
Foi durante o período período Kamakura (鎌倉時代) que a arma ganhou status de classe guerreira e honra, tanto que os arqueiros que não desempenhassem bem seus tiros, normalmente cometiam Seppuku (suicídio ritual切腹) pela sua falta de utilidade em campo de batalha.
Neste mesmo período, a arqueria sobe cavalo (Yabusame 流鏑馬) começou a ganhar força, como parte do treinamento para períodos de guerra. Segundo as premissas de Sun Tzu, os samurai (侍) costumavam se preparar muito durante os períodos de paz, para não serem pegos de surpresa nos períodos de guerra.
Além do aspecto militar, o treinamento Yabusame (流鏑馬) carregava também uma forte conotação religiosa shintoísta, com diversas oferendas aos deuses e pedidos de sorte e prosperidade, além de vitória na batalha.
Foi durante o período Muromachi (室町時代 1337-1573) que o arco e flecha começou a perder o status de arma principal para as então impressionantemente eficientes Katana (刀), as tradicionais espadas japonesas. Isso não significou o fim do arco e flecha como arma, mas somente como símbolo de toda uma classe.
Durante este período, o Sengoku Gidai (戦国時代 Era das Guerras) ganhou força com a guerra civil que tomou conta para a unificação do Japão. A família Takeda (武田氏), até então o mais provável pleiteante à esta unificação, tinha um estilo próprio e até agressivo de arqueria, que prezava pela eficiente de se atingir o alvo em movimento e de se utilizar o cavalo como uma estrutura única de uma tríade (homem –cavalo-arco).
Com a introdução dos arquebustes (armas de fogo) pela clã Oda (織田氏) e posteriormente, com o fim das guerras e a queda da família Takeda e ascensão da família Tokugawa, a arqueria sob cavalo entrou em declínio no período de paz da Era Edo.
Foi durante o comando do oitavo Shogun Tokugawa (徳川幕府), Tokugawa Yoshimune (徳川 吉宗), que o Yabusame (流鏑馬) retornaria com força, porém despido praticamente de todo seu aspecto marcial, devido ao prolongado período de paz.
Ogasawara Heibei Tsuneharu era herdeiro de Ogasawara Nagakiyo (小笠原 長清), um especialista em arqueria cerimonial e por ordem do Shogun, o mesmo deveria reinstaurar o então perdido estilo de sua família.
Os tempos de paz fez com que o Yabusame (流鏑馬) se tornasse muito mais um elemento de desenvolvimento pessoal e espiritual do que marcial e moldou muito do que se é observado atualmente nas apresentações.
Em 1886, o estilo Takeda Ryu (武田流), considerado mais agressivo, também foi restaurado, seguindo o fim da dominação dos Shogun Tokugawa (徳川幕府).
Outro fator importante de modificação do Yabusame (流鏑馬) foi a introdução do Zen Budismo em diversos aspectos de artes marciais, o que levou no final do século 19 e início do século 20 às alterações em diversos estilos de artes marciais japoneses, deixando o principio técnico (jutsu -術) para o aperfeiçoamento do caminho (do – 道), o que transformou diversas artes, como o JuJutsu (柔術 mal traduzido erroneamento como Jiu Jitsu) em Judo (柔道), o Kenjutsu (剣術) em Kendo (剣道), o Iaijutsu (居合術) em Iaido (居合道) e o Aikijujutsu (合気柔術)em Aikido(合気道)de marciais para instrumentos de elevação pessoal e não violência.