馬 (UMA) O CAVALO
O cavalo é um capítulo especial na
história desta arte marcial. Como um dos mais antigos instrumentos de guerra, o
treinamento da cavalaria marcial (bajutsu – 馬術) se difere em muito de diversos aspectos de uma doma considerada “normal”.
Os samurai (侍) acreditavam que o cavalo era uma extensão do guerreiro, tanto
quanto era o arco ou mesmo a tradicional espada Katana (刀). Para tanto, havia quatro tipos diferentes de cavalos e os mesmos possuíam
tipos de doma especificas.
Os cavalos de transporte eram sempre os
mais ágeis e rápidos, não mantinham uma relação direta com o cavaleiro, pois em
caso de mensageiros ou batedores, o cavalo era trocado no equivalente a 10
milhas atuais, ou 16 quilômetros por outro animal mais descansado.
Os cavalos de carga eram de raças mais
inferiores, usados para transporte, plantações e carga em si e eram escolhidos
entre os animais mais fortes.
Os cavalos de transporte humano eram dóceis,
baixos e mais lentos, principalmente utilizados pela nobreza e familiares da
classe guerreira. Estes animais não estavam disponíveis a nenhuma outra classe
e sua posse era passível de morte.
Por último, havia os cavalos guerreiros.
Esses não só gozavam de um status muito superior a outros cavalos (muito
demonstrado pelos adornos que recebiam) como seu treinamento era completamente
diferenciado.
A doma de tais cavalos deveria ser feita
necessariamente na presença do dono. O uso de violência contra estes cavalos
era passível de morte imediata e a doma era feita através de toques leves e aproximação
lenta, até que o animal se acostumasse tanto com o tratador, quanto o dono.
Na verdade, a primeira etapa era a escolha
do animal, sempre jovem. O samurai (侍) deveria ir em direção aos estábulos e lá o processo de escolha
partiria mais do cavalo do que do cavaleiro.
Mesmo os animais ainda xucros eram
expostos ao samurai(侍) e a escolha era
praticamente feita por apreciação simpática, uma conexão com o animal. A partir
daí começava o processo de doma.
Os samurai (侍) tinham tanto carinho e estima pelos seus cavalos que alguns Shogun
tem o nome de seus cavalos encravados em suas lápides.
Um caso conhecido foi do Shogun Tokugawa
Ieyasu (徳川 家康). A caminho de uma
batalha, Tokugawa 徳川 e seus soldados passaram por uma
ponte alta e fina, considerada perigosa. Para a surpresa de seus soldados,
Tokugawa 徳川 desmontou do cavalo, cruzou a ponte para
saber se era segura, buscou seu cavalo pelas mãos, o trouxe seguramente ao
outro lado, para só então monta-lo novamente.
Passada a etapa de doma, quando o animal
tanto aceitava o dono como os arreios e as selas, começava o treinamento
marcial. Nesta parte do treinamento, o animal era exposto aos barulhos e sons típicos
do campo de batalha, para que não se assustassem em situações reais.
Novamente, o treinamento era feito sem violência,
mas de maneira muito técnica para que o animal fosse qualificado à batalha. A
etapa seguinte era a fase de corrida, onde o cavalo era usado praticamente como
uma arma de atropelamento.
Bambus presos com tatames eram enfileirados
aos montes, alguns com bastões e varas para simular as armas. Os cavalos e seus
cavaleiros passavam por estes obstáculos os derrubando, sendo que o peso dos
mesmos sempre se assemelhava ao do corpo humano.
Por fim, o cavalo era treinado como arma.
Alguns cavalos eram considerados tão perigosos pelos inimigos que se tornavam o
alvo principal. Neste treinamento (bajutsu – 馬術) o cavalo era ensinado a subir e descer ribanceiras, usar as patas
traseiras e dianteiras como armas (chutes, coices e empinadas) e viradas abruptas
para derrubar os inimigos, além de mordidas (sim, mordidas).
Lembrando sempre que os melhores cavalos
eram sempre treinados com seus donos, para que houve sempre empatia entre os
dois e era praxe as crianças serem mantidas com os cavalos em tempos de paz.
Essa conexão era tão forte, que a morte de um cavalo era considerada mau agouro
e o equivalente à morte de um parte ou ente querido.
O caso do Yabusame, o treinamento segue princípios
semelhantes, mas algumas diferenças importantes são notadas.
Antigamente, os cavalos de arqueiros não recebiam
o treinamento marcial de ataque, mas o atropelamento e as viradas abruptas eram
praxe, principalmente no caso de fuga dos arqueiros.
Outro ponto importante era o trote. Os
cavalos de arqueiros deveria ter um trote mais linear, com menos pulos, para
exatamente contribuir com o tiro da flecha. Além disso, na arqueria, os cavalos
eram treinados a receber os comandos pelas coxas e pés dos arqueiros, o qual não
contava com as mãos no momento do disparo.
Não havia esporas e o estribo era
semelhante a uma plataforma.
O principal comando ao cavalo arqueiro era
sustentar o trote. No momento em que o cavalo toma a velocidade ideal, o
arqueiro comanda que o cavalo mantenha o ritmo através de pressões da coxa,
quando o cavalo abaixa a cabeça e “nivela” o trote.
Isso é muito importante para dar segurança
ao cavaleiro que está sem as mãos e ao cavalo, para não ser atingido pela corda
do arco.
em breve falarei sobre o combate com outras armas sobre o cavalo, OSU!!!